quarta-feira, 23 de maio de 2012

* Deficiência Visual



Visão
A visão é um dos sentidos que nos ajuda a compreender o mundo à nossa volta, ao mesmo tempo que nos dá significado para os objectos, conceitos e ideias.
A comunicação por meio de imagens e elementos visuais relacionados é denominada "comunicação visual". Os humanos empregam-na desde o amanhecer dos tempos. Na realidade, ela é predadora de todas as linguagens escritas. 

Deficiência Visual
Deficiência visual é a perda ou redução da capacidade visual em ambos os olhos, com carácter definitivo, não sendo susceptível de ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes e/ou tratamento clínico ou cirúrgico.
De entre os deficientes visuais, podemos ainda distinguir os portadores de cegueira e os de visão subnormal. 

Causas da Deficiência Visual
Congénitas: amaurose congénita de Leber, malformações oculares, glaucoma congénito, catarata congénita.
Adquiridas: traumas oculares, catarata, degeneração senil de mácula, glaucoma, alterações relacionadas à hipertensão arterial ou diabetes.

Como identificar?
Desvio de um dos olhos;
Não seguimento visual de objectos;
Não reconhecimento visual de pessoas ou objectos;
Baixo aproveitamento escolar;
Atraso de desenvolvimento. 

Sinais de alerta 
Olhos vermelhos, inflamados ou lacrimejantes;
Pálpebras inchadas ou com pus nas pestanas; 
Esfregar os olhos com frequência;
Fechar ou tapar um dos olhos, sacode a cabeça ou estende-a para a frente;
Segura os objectos muito perto dos olhos;
Inclina a cabeça para a frente ou para trás, pisca ou semicerra os olhos para ver os objectos que estão longe ou perto;
Quando deixa cair objectos pequenos, precisa de tactear para os encontrar;
Cansa-se facilmente ou distrai-se ao aplicar a vista muito tempo.

Consequências da Baixa Visão
Percepção Turva 
Os contrastes são poucos perceptíveis;
As distâncias são mal apreciadas; 
Existe uma má percepção do relevo;
As cores são atenuadas. 

Escotoma Central e Visão Periférica
Funciona apenas a retina periférica, que não é tão 
discriminativa, pelo que pode ser necessária a ampliação 
da letra para efeitos de leitura;
É em geral impeditiva das actividades realizadas com proximidade dos restantes elementos ,bem como da leitura;
Apresenta acuidade visual baixa (cerca de 1/10).

Visão Tubular
A retina central funciona, podendo a acuidade visual ser normal;
A visão nocturna é reduzida, pois depende funcionalmente da retina periférica;
Podendo não limitar a leitura, é muito limitativa das actividades de autonomia. 

Patologias que conduzem à baixa visão
Atrofia do Nervo Óptico:
Degenerescência das fibras do nervo óptico. Se for total, não há percepção luminosa.

Alta miopia:
Baseia-se num defeito de refracção elevado (> a 6 dioptrias), que frequentemente é hereditário, associado a outros aspectos degenerativos. O risco do deslocamento da retina é elevado, nesse caso, devem ser tomadas precauções necessárias.

Cataratas Congénitas:
Perda de transparência do cristalino, originando perturbações na diminuição da acuidade visual. A visão periférica também está normalmente afectada, daí existir uma grande dependência na funcionalidade e na autonomia. 

Degeneração macular:
Situa-se, na zona central da retina, mácula, e constitui uma das causas mais frequentes de dependência visual ligada à idade. Outras patologias surgem em escalões etários mais jovens (ex.: queimadura da mácula – eclipse solar). A visão periférica não sofre alterações pelo que não há problemas na mobilidade. A visão central é afectada por escotomas que podem progredir. 

Glaucoma:
É uma patologia do olho em que a pressão intra-ocular é elevada por produção excessiva ou deficiência na drenagem do humor aquoso. 
O glaucoma agudo é mais raro, doloroso e normalmente implica intervenção cirúrgica no seu tratamento. 

Outras Retinopatias
Degenerescência da retina que poder ser hereditária ou não. Envolve perda de visão e consequentes problemas na mobilidade, ficando a pessoa com visão tubular. 

Síndroma USHER
Associa a retinopatia pigmentar à patologia auditiva, afectando simultaneamente a visão e a audição.

Doença de Stargardt 
Consiste em diversos escotomas do centro para a periferia da retina, mantendo-se quase sempre um ilhéu central de visão. 

O aluno deficiente visual…

Características da Criança Deficiente Visual
- A criança deficiente visual é aquela que difere da média, a tal ponto que irá necessitar de professores especializados, adaptações curriculares e ou materiais adicionais de ensino, para ajudá-la a atingir um nível de desenvolvimento proporcional às suas capacidades;
•Os alunos com deficiência visual não constituem um grupo homogéneo;
Os portadores de deficiência visual apresentam uma variação de perdas que se poderão manifestar em diferentes graus de acuidade visual;

Adaptações educacionais para os Deficientes Visuais 
A educação da criança deficiente visual pode se processar por meio de programas diferentes, desenvolvidos em classes especiais ou na classe comum, recebendo apoio do professor especializado;
As crianças necessitam de uma boa educação geral, somada a um tipo de educação compatível com seus requisitos especiais, fazendo ou não, uso de materiais ou equipamentos de apoio. 
A educação do deficiente visual necessita de professores especializados nesta área, métodos e técnicas específicas de trabalho, instalações e equipamentos especiais, bem como algumas adaptações ou adições curriculares;
A tendência actual da educação especial é manter na escola comum o maior número possível de crianças com necessidades educativas especiais;
Cabe à sociedade a responsabilidade de prover os auxílios necessários para que a criança se capacite e possa integrar-se no grupo social.

Princípios da Educação do Deficiente Visual
Individualização
Concretização
Ensino Unificado
Estímulo Adicional
Auto-Actividade

Estimulação dos sentidos:
Estimulação visual 
Estimulação do tacto
Estimulação auditiva
Estimulação do olfacto e do paladar

Estimulação visual
Motivar a criança a alcançar, tocar, manipular e reconhecer o objecto;
Ensinar a “olhar” para o rosto de quem fala;
Ajustar uma área onde a criança possa brincar em segurança e onde os objectos estejam ao alcance dos seus braços; 
O educador pode usar fita-cola de diferentes cores para contrastarem com os objectos da criança, de modo a torná-los mais visíveis.

Estimulação do tacto
Descriminar diferentes texturas;
Experimentar materiais com formas e feitios com contornos nítidos e cores vivas;
Distinguir a temperatura dos líquidos e sólidos;
Mostrar como pode manipular o objecto.

Estimulação auditiva 
Ouvir barulhos ambientais, gravadores, rádios…; 
Identificar sons simples;
Distinguir timbres e volumes dos sons; 
Discriminar a diferença entre duas frases quase iguais;
Desenvolver a memória auditiva selectiva.

Estimulação do olfacto e do paladar 
Provar e cheirar diferentes comidas (salgadas, doces e amargas);
Cheirar vinagre, perfumes, detergentes, sabonetes e outros líquidos com cheiros fortes.

Programa pré-escolar
Quando em idade pré-escolar, a criança deficiente visual necessita que se dê importância à “rapidez,” para que atinja o mesmo nível que os colegas normo-visuais. 
Para tal é particularmente importante que ela desenvolva :
capacidades motoras ;
capacidades da linguagem;
capacidades discriminativas e perceptivas .

Entrada para a escola
À entrada para a escola a Criança D.V. deve:
Compreender o seu corpo;
Ter a lateralidade desenvolvida;
Estar desenvolvido no Tacto;
Estar desenvolvido auditivamente

Reabilitação
A Reabilitação é essencial no processo de inserção na sociedade, dado que a redução ou a privação da capacidade de ver traz consequências para a vida do indivíduo, tanto no nível pessoal como no funcional, colocando-o, na maioria das vezes, à margem do processo social, segurança psicológica e nas habilidades básicas;

Sala de recursos
Estas salas podem estabelecer uma alternativa de qualidade se tivermos em conta determinadas características, tais como:
necessidade de um apoio individualizado;
necessidade de um currículo com objectivos funcionais;
ambientes estruturados e securizantes;
equipamentos e materiais específicos;
problemas de saúde graves;
necessidade de gestão de tempos específicos.

Currículo escolar e a deficiência visual
Os programas educativos direccionados para os deficientes visuais devem ir ao encontro das mesmas áreas e actividades que se encontram nos programas regulares(sendo feitas adaptações consoante as necessidades e dificuldades dos alunos).

O reforço pedagógico e a coordenação Técnico - Docente
Ajuste do tempo ao seu ritmo de trabalho;
Planificação de Actividades;
Adaptação do Processo de Avaliação.

Orientação e movimentação da Criança com D.V. no espaço
Processo prolongado e sequenciado que deve começar o mais cedo possível.
- As técnicas mais utilizadas são:
Guia normovisual;
Uso da bengala;
Cão Guia;
Etc.

A aprendizagem da criança com deficiência visual 
A capacidade de aprendizagem de uma criança não está directamente relacionada com o seu grau de visão;
Depende do momento em que a criança perdeu a visão.

Adaptação do Espaço
Serão necessárias adaptações no espaço se a dificuldade de visão for acrescida de outras;
- Conhecer o ambiente escolar;
- Na sala de aula é necessário:
Comunicação Oral;
Condições de iluminação;
Organização do espaço e dos materiais;
Estratégias e recursos.

Avaliação Clínica 
- A Equipa deve ser constituída por:
Professor do Ensino regular;
Serviços Especializados de A.E.;
Oftalmologista;
Ortoptista;
Técnico de Reabilitação;
Psicólogo;
Técnico de Serviço Social;

Avaliação funcional
Consiste em avaliar os aspectos funcionais da visão e as suas implicações educacionais;
Ocorre em contextos naturais e implica recolha de elementos relativos à forma como a pessoa utiliza a sua visão em ambientes com condições diferentes;

Avaliação 
A avaliação deve ter em conta: 
Idade do início das dificuldades visuais;
Modo de progressão da perda de visão- lento ou abrupto;
Causa dessas dificuldades – sistémica (ex. diabetes), ou confinada ao olho;
Se a patologia é hereditária, congénita, ou adquirida (antes dos 5 anos ou após este período);
Se o prognóstico é estacionário ou evolutivo.

A avaliação para ser eficaz deve:
Utilizar formas de comunicação que a criança/jovem compreenda;
Incluir objectos e materiais familiares interessantes;
Apresentar esses materiais e objectos de forma contextualizada, baseada numa aprendizagem significativa e estruturada;
Organizar e provocar situações de aprendizagem estruturada mediante a utilização de objectos e materiais, apresentados em contextos naturais. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário