Até os 12 anos, a criança não possui senso crítico para entender o significado da publicidade. Em casos extremos, o consumismo pode levar a problemas como obesidade infantil e erotização precoce
Por estarem mais próximos, pais e educadores são os principais atores para orientar as crianças
Fazer compras na companhia das crianças já é difícil. No final de ano, então, é quase impossível. As indústrias de brinquedo se programam para lançar novidades no Natal justamente para conquistar o desejo dos pequenos, que encaminham suas demandas aos pais. Além das lojas cheias, a insistência dos filhos em comprar tudo e mais um pouco pode fazer alguns pais quererem desistir.
Uma família é incapaz de combater essa indústria que gasta anualmente bilhões de dólares para manipular seus filhos. Fato. A soma delas, no entanto, pode lutar por uma abordagem mais ética desse sistema que induz indivíduos desprovidos de senso crítico a comprar compulsivamente. Além disso, é possível adotar dentro de casa e na escola atitudes para proteger as crianças dos males causados pelo bombardeio publicitário. Impor limites, dialogar e refletir sobre a própria postura como consumidor são algumas das possibilidades.
O que você pode fazer
Toda a sociedade pode contribuir de alguma forma, mas pais e educadores são os principais atores dessa causa por estarem envolvidos diretamente com as principais vítimas dos abusos da publicidade.
1- Reflita sobre a própria relação com o consumo
"Os pais não podem dar duplo comando: ter um discurso diferente da prática. Fazer um combinado com o filho na hora de ir às compras e sair do shopping cheio de sacolas. Tem que ser coerente", diz Laís Fontenelle Pereira, psicóloga e coordenadora de educação e pesquisa do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana.
2- Imponha limites e controle o uso da televisão e internet
A principal porta de entrada da publicidade infantil nas famílias brasileiras é a televisão. Estar atento ao tempo que seu filho está gastando em frente da tela é fundamental. "Criança brasileira chega a assistir até 5 horas de TV por dia. Tem que limitar o número de horas não só pela publicidade, mas até para não ter hábitos tão sedentários", explica Laís Fontenelle Pereira, psicóloga e coordenadora de educação e pesquisa do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana.
3- Façam programas juntos que não envolvam consumo
Atividades conjuntas são uma boa alternativa à televisão e a idas ao shopping. Jogos de tabuleiros, brincadeiras de rua, passeios a parques, bibliotecas e teatros, ler juntos, além de manter seus filhos longe da influência dos comerciais são atividades importantes para o desenvolvimento da criança
4- Converse com ele sobre a verdadeira função da publicidade
É importante explicar a seu filho que a publicidade tem como objetivo fazer com que ele compre produtos nem sempre necessários. E que para isso, muitas vezes, tentam criar hábitos e valores que não são saudáveis para uma criança.
5- Estimule hábitos de alimentações saudáveis
Na hora de arrumar o lanche da escola, evite alimentos industrializados e converse com ele sobre a importância de uma alimentação equilibrada. Frutas e sucos devem estar presentes sempre.
O que a escola pode fazer
Há cinco anos, em meio ao frenesi causado pela proximidade do dia das crianças, a direção da Escola Stagium, de Diadema, São Paulo, sentiu a necessidade de trabalhar o problema do consumismo infantil com seus alunos do ensino infantil e fundamental
* Prepare os professores
A escola procurou livros sobre o assunto e capacitaram o corpo docente. "Em um primeiro momento trabalhamos esse assunto na formação dos professores e depois o levamos para a sala de aula", diz Maristela Paiva, coordenadora do ensino infantil e primeiro ano do fundamental.
* Faça análises em sala de aula para explicar como a publicidade aparece no dia a dia
Uma das discussões recentes na escola Stagium foi sobre como a publicidade aparece nas novelas e cria modismos. "Discutimos todos os aspectos da propaganda, como a mídia funciona, o que a indústria pretende quando lançam um produto e escolhem um ator para representá-lo. E Porque as pessoas tem a necessidade do produto", diz Greice Urtado Ilha, coordenadora do ensino fundamental I.
* Proponha trabalhos que estimulem o consumo consciente
Na escola Stagium, os alunos são orientados a levar frutas e sucos na lancheira todos os dias, a evitar o desperdício, a descartar corretamente o lixo ou reutilizá-lo e a só utilizar cadernos e materiais lisos. "Nossos cadernos e todo o material escolar não pode ter imagem de personagens. O personagem só serve pra encarecer o caderno", diz Greice Urtado.
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/consumismo-infantil-651123.shtml
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