Alguns
discursos, na área da educação infantil, vêm sendo traçados, na medida em que
devemos resgatar os jogos, brinquedos e brincadeiras tidas como tradicionais.
Brinquedos como: pião de madeira; papagaio de papel, pipa, pandorga ou raia;
brincadeiras de bolinha de sabão; amarelinha; cantigas de roda; pé de lata,
entre outras tantas são consideradas como tradicionais dentro da educação
infantil.

Vivenciei uma
situação muito interessante em uma creche. As estagiárias do curso de Pedagogia
quiseram fazer a brincadeira Pé de Lata com as crianças, para que todos pudessem
brincar. Pois bem, latas foram encapadas e furadas, colocado barbante para que
todos pudessem se equilibrar. Dia de sol, todos na quadra, parecia tudo
perfeito. Estagiárias animadíssimas e professoras também, crianças saltitantes
porque estavam em outro espaço e mais livres.
Na hora da
brincadeira, algumas crianças nem deram bola para o brinquedo, e resignificaram
o objeto brincando como se estivessem empurrando carrinhos. Enquanto isso, as professoras e
estagiárias que vivenciaram esta brincadeira na infância, se deliciavam em
momentos de alegria, resgatando, em suas memórias, situações significativas para
elas. Fiquei só observando, e sei que elas não estavam erradas e nem fizeram
isso com esta intenção, apenas queriam que as crianças também tivessem em sua
memória, quando adultas, as lembranças boas, mas não era isso o episódio que
acontecia com as crianças.
Fiquei
questionando: as crianças de hoje podem até brincar ou resignificar os
brinquedos tradicionais, mas para elas que nasceram e vivem na era tecnológica,
isso talvez não seja relevante, e possa parecer até estranho andar em cima de
latas.

Mas voltando ao assunto, o que pode ser
interessante para os adultos, para as crianças não é e vice-versa. Perceber
estas sutilezas é necessário para que se possa trabalhar com a aprendizagem
significativa para as crianças. Também não pode ser abandonado o passado, então
porque não mostrar, por exemplo, quando brincar de bolinha de sabão, como era
realizada esta brincadeira no passado e as opções que temos hoje, isto é,
mostrar a evolução, a história viva, isso é resgatar a memória e trabalhar com
significância, porque é mostrar e vivenciar
todo o processo de mudança que nossa sociedade vive e que não tem mais volta.
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