domingo, 29 de abril de 2012

* Quais tipos de jogos, brinquedos e brincadeiras infantis são as melhores para serem realizadas com as crianças pequenas?


Começo este texto com uma pergunta: Qual é o significado de dar jogos e/ou brinquedos para as crianças pequenas? Quando a criança recebe um brinquedo ou um jogo, ela aprende, entre outras coisas, a ser mais generosa e mais dócil, porque na convivência, este comportamento de dar e saber receber são importantes.
Porém, pais e professores, é necessário saber escolher estes jogos e/ou brinquedos. Ler somente a caixa do brinquedo ou jogo e verificar a idade, não é suficiente. Existem jogos e brinquedos no mercado com especificidade para a idade, mas que são extremamente violentos. E o fabricante não está interessado em discernir entre jogos e brinquedos violentos ou não, para eles o que importa é vender. Já para os familiares e para a escola, o que importa é educar.

Cuidado com falsas armadilhas que existem nas caixas de jogos e brinquedos para fazer vender. Não comprem objetos que incitam mais a violência, como brinquedos que imitam armas de fogo. Prestem atenção, também, nos jogos eletrônicos, o que parece inofensivo e próprio para aquela idade, pode não ser tão inofensivo assim.

O que é jogo e/ou brinquedo educativo para a escola, muitas vezes, não é para os pais e vice-versa. Nas escolas, brinquedos como arma de fogo não devem existir. Então, por que muitos pais assim o fazem? Isto serve não somente para as armas de fogo, pois existem jogos que possuem, “camuflados” em sua concepção, estupro, assaltos ou roubos. É uma pena que não posso citar nomes aqui e fabricantes, mas só lhes peço que olhem e reflitam muito antes de comprar um jogo para as crianças. É importante não se ater à conversa do vendedor ou somente no que está escrito nas caixas. É imprescindível analisar profundamente todos os detalhes, antes de comprar algo para os pequenos. A mesma reflexão serve para as brincadeiras que realizamos com as crianças em nosso convívio.

Educar é ensinar a ser generoso e dócil e não ser violento, pois se quisermos uma sociedade melhor para nossos filhos e netos, cada um tem de fazer a sua parte. Se não comprássemos estes tipos de jogos e brinquedos, o industrial teria de repensar na sua fabricação, mas enquanto estivermos fazendo o contrário, contribuiremos com pequenos gestos para uma sociedade violenta.

Fonte: http://vandaminini.blogspot.com.br/2012/04/quais-tipos-de-jogos-brinquedos-e.html

* Qual é a Diferença entre Escutar e Ouvir? Qual é o mais Importante?



Já escrevi em outro texto sobre o olhar sensível para com as crianças. Neste vamos refletir sobre o ouvir sensível. Deve estar passando pela cabeça de vocês, mas existe diferença entre escutar e ouvir. Caro leitor, existe sim e vamos às reflexões...

Durante um dia escutamos músicas, ruídos, falas, conversas, enfim, uma infinidade de sons, e mesmo escutando todos estes sons não registramos, de fato, algo importante, porque nossa mente, muitas vezes, está em outro lugar.

Já ouvir é prestar atenção no que está sendo dito, é observar, dar importância, perceber, parar para analisar. O que vocês estão fazendo agora, lendo este texto, é ouvindo o que tenho para falar.

Qual a importância de saber a diferença entre escutar e ouvir na educação dos pequenos?

A partir da análise das diferenças, precisamos não escutar as crianças, mas ouvir o que ela tem para nos mostrar. Quando ouvimos realmente, compreendemos o que se passa com ela, seus interesses, medos, angústias e felicidades. E a margem de erro na educação dos pequenos quando ouvimos o que eles têm a nos dizer é muito pequena, já quando escutamos, repetimos o erro, porque não prestamos atenção ao comportamento infantil e nem em nossas atitudes para com elas.

Ouvir é dar sentido ao que se ouve, porque se ouve e como agir diante do que a criança quer nos dizer. O ouvir sensível também precisa ser aprendido, porque no dia a dia, ouvir exige tempo, paciência, carinho e atenção. Ouvir sensível é uma habilidade necessária no mundo atual.


Fonte: http://vandaminini.blogspot.com.br/2012/04/qual-e-diferenca-entre-escutar-e-ouvir.html

sábado, 28 de abril de 2012

* Qual a importância da primeira professora na vida de uma criança?


Estou-lhes escrevendo este texto porque fui surpreendida pelo facebook com a seguinte pergunta, deixada por um ex-aluno: Você foi a minha primeira professora, lembra-se de mim? Confesso que na hora fiquei meio sem saber o que responder, porque não me lembrava do nome, foram tantos alunos e são ainda hoje ao longo da minha carreira. Perguntei a ele: Onde? Quando? E ele respondeu: na escola Orlando Boni em Mogi Mirim – SP. Ele deu algumas características pessoais para que eu pudesse relembrar. Eu retornei a ele dizendo: Claro que me lembro. Conversa vai, conversa vem, ele me disse se lembrar de tudo, que eu tinha alfabetizado, que isso e aquilo.

Fiquei muito feliz, confesso que me senti um pouco velha, porque hoje ele é um rapaz, com 26 anos e quando fui sua professora ele tinha sete anos. Bem, mas vamos às reflexões! Fiquei pensando sobre a importância da primeira professora na vida de alguém, e de como somos responsáveis pelo desenvolvimento e formação de outro ser. Hoje ele trabalha em uma empresa, está estudando para prestar concurso e ainda me perguntou sobre material para estudar, se eu tinha alguma referência para indicar para ele. Olha a confiança que ele tem por mim até hoje!

Estas emoções são únicas para um professor e é o reconhecimento de seu trabalho e a certeza de estar no caminho certo, pois sempre amei e amo a educação até hoje, senão não estaria fazendo este blog.
Mas voltando ao assunto, quem é professor e que está lendo este texto, deve parar para pensar que você pode construir ou destruir a formação de um(a) aluno(a), dependendo das suas atitudes em sala de aula. Você é responsável pelos seres que estão em sua mão durante aquele período, então façam o melhor de si, independente de dinheiro, de reconhecimento de outros. O importante é o que vai deixar como marcas em cada um que passar por você. O exemplo e as atitudes de autoridade e não autoritarismo são essenciais para construir uma relação de respeito mútuo e de confiança para sempre na vida de alguém... V.B. este texto dedico a você...


Fonte: http://vandaminini.blogspot.com.br/2012/04/qual-importancia-da-primeira-professora.html

* Qual o segredo de um professor de qualidade?

Como identificar se seu filho está diante de um profissional capacitado para que a aprendizagem seja produtiva



Sentir-se confortável e seguro diante do professor é estimulante para qualquer aluno                                        

As principais pesquisas em Educação do mundo mostram que um bom professor é capaz fazer qualquer aluno aprender e ainda é capaz de potencializar seus estudantes. O professor é o principal responsável pelo sucesso da aprendizagem e sua atuação em sala é determinante para o desempenho dos alunos. "A qualidade de um sistema educacional não será maior que a qualidade de seus professores", consta no levantamento "Os Sistemas Escolares de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo", realizado pela consultoria McKinsey. 

"Não existe educação de qualidade sem o bom professor. O professor é o profissional mais estratégico para uma boa aprendizagem, é a peça chave e por isso precisa estar apto para transmitir o conteúdo de forma adequada", diz a secretária de Educação Básica do ME, Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva

Aptidão para ensinar a matéria não depende apenas do domínio do conteúdo. O saber é importante, mas há inúmeros pontos que fazem do professor, um profissional de qualidade. Para identificá-los e cobrar do diretor uma melhor seleção e estímulo e para que o professor do seu filho esteja em condições de lecionar adequadamente é preciso estabelecer alguns critérios e ficar atento.

1- Um bom professor tem uma formação de qualidade
O que é uma formação de qualidade? Não é apenas dominar o conteúdo que será ensinado, mas saber a melhor maneira de passar esse conteúdo. Foi-se o tempo em que escrever a matéria na lousa e pedir para os alunos copiarem significava algo. Hoje, sabe-se que o bom professor precisa dominar as técnicas de ensino, a didática. Saberes relacionados a tecnologias no ensino também são interessantes. É importante que a formação dos professores não tenha se limitado a dados e disciplinas teóricas. Antes de mais nada, ele deve ter aprendido na faculdade tanto os conteúdos quanto a maneira de ensinar, ou seja, a formação pedagógica (os conteúdos da docência). Isso é, aliás, reiterado pela pesquisa "Professores do Brasil: impasses e desafios", promovida pela UNESCO em 2008.

Outro ponto importante é o início da carreira. Um bom professor deve ter tido contato com outro bom professor. Deve ter feito um estágio e ter sido monitorado durante um período. Depois, ao começar a lecionar, deve ter sido orientado permanentemente. "É essencial uma boa formação inicial, uma carreira com prática orientada, supervisionada por gestores e professores mais experientes", diz Maria do Pilar Lacerda. "O período probatório deve servir não apenas para avaliá-lo, mas principalmente ser encarado como um momento de adaptação e conhecimento da prática, que sem dúvida é o espaço mais formador".

O problema é que nem todo professor tem formação universitária. A pesquisa da Unesco mostra que, na educação infantil, menos da metade dos que exercem as funções docentes (45,7%) cursaram o nível superior. Já entre a 5ª e a 8ª serie, o percentual sobe para 85,5%. No ensino médio, a realidade melhora: 95,4% dos docentes completaram o nível superior.

2- O bom professor não pára de estudar
A ininterrupta formação do professor é um dos fatores essenciais para se ter um professor de qualidade. "É importante ter interesse em novas metodologias, estar sempre atualizado e buscar a própria superação. Isso contribui muito para a formação de bons profissionais", diz Catarina Greco, orientadora educacional do Coluni (Colegio de Aplicacao da Universidade Federal de Viçosa), melhor escola publica no Enem 2008.

Constituída por atividades que têm como objetivo a construção e a socialização de conhecimentos, a formação continuada vem fazendo parte cada vez mais das perspectivas dos profissionais de educação, que priorizam tanto a formação como cidadão, quanto como docente. "A oportunidade de desenvolver o conhecimento por meio de uma formação que seja contínua é direito de todo professor e contribui muito para sua superação", completa a secretária do MEC Maria do Pilar Lacerda.

Na prática isso acontece pouco. Segundo dados do último Censo de Profissionais do Magistério da Educação Básica, feito em 2003, apenas 45% dos professores participaram de alguma atividade extracurricular ou curso, presencial semipresencial ou à distância nos dois anos anteriores.

Para agravar ainda mais a situação, o consumo cultural por parte dos docentes é extremamente restrito - mesmo sendo importantes mediadores na transmissão de cultura para os alunos. Pesquisa que traça o perfil do professor brasileiro, promovida pela UNESCO, em 2004, revelou que cerca de 40% dos profissionais entrevistados nunca haviam assistido a uma peça de teatro, 25% jamais tinham ido ao cinema e, por fim, 45% não conheciam um museu ou foram somente uma vez.

3- O bom professor é didático
Todo aluno é capaz de aprender. E todo professor deve ser capaz de ensiná-lo. "De nada adianta um profissional cursar a melhor faculdade, mas não ter didática, paciência e sensibilidade para respeitar o tempo e as diferenças de cada aluno", diz a secretária do MEC, Maria do Pilar Lacerda. O professor deve se valer de técnicas que viabilizem a aprendizagem das crianças.

"Os alunos têm tempos diferentes de absorção de conteúdo, cabe ao professor perceber as dificuldades e a individualidade dos estudantes e assim desenvolver métodos de acessar cada um", explica Catarina Greco, orientadora educacional do Coluni. Isso, junto ao respeito e a atenção direcionada que o professor pode tranqüilizar os alunos que têm mais dificuldade de aprendizado e fazer com que o desempenho deles melhore a longo prazo.

Produzir materiais individuais, incentivar que os alunos se ajudem entre si e oferecer exercícios de reforço são alguns dos recursos que o professor pode utilizar para que nenhum aluno fique para trás e assim igualar o nível da turma.

4- O bom professor motiva e inspira seus alunos
"A maior bandeira que um professor de qualidade levanta é a relação que tem com seus alunos", diz a secretária do MEC Maria do Pilar Lacerda. Uma relação positiva entre o docente e o estudante faz toda a diferença no aprendizado. Sentir-se confortável e seguro diante do professor é estimulante para qualquer um.

Receptividade, paciência, sensibilidade, atenção e respeito são essenciais. "A forma de conduzir os alunos, acompanhá-los, de respeitar as diferenças, ter um bom relacionamento com pais e interesse pelos estudantes favorecem a aprendizagem, assim como a empatia e a disponibilidade, desde que isso não comprometa a autoridade do professor, o que também é importante", explica Catarina Greco, orientadora educacional do Coluni.

5- O bom professor entra na realidade do aluno
Para que o aluno se identifique com o professor, é preciso que este conheça sua realidade. "Reconhecer o que é infância, adolescência, respeitar as fases de amadurecimento, identificar diferenças e conhecer o processo cultural nos quais os jovens se envolvem são itens importantes, já que a relação entre professor e aluno inevitavelmente compreende um choque de gerações, valores e culturas", diz a secretária do MEC, Maria do Pilar Lacerda.

Conhecer e imergir na realidade dos alunos é uma característica importantíssima que o professor de qualidade deve apresentar, já que isso representa não apenas uma aproximação entre as duas partes, como um acesso mais fácil e uma adaptação de postura, quando necessário.

6- O bom professor estimula a curiosidade
A curiosidade impulsiona o conhecimento, já que instigados por um determinado assunto, os alunos passam a se interessar mais, buscar novas informações e tirar dúvidas, o que promove o debate e beneficia a aprendizagem. Os alunos devem se sentir bem e à vontade na escola para expressar a curiosidade. A maneira com a qual o professor lida com dificuldade dos alunos é de fato determinante para a aprendizagem, uma vez que inibidos para tirar as dúvidas, as questões não solucionadas se acumulam e consequentemente atrasam e comprometem o desempenho.

"Bons professores brotam de alunos que indagam, que questionam, o que sem dúvida são ótimos caminhos para a aprendizagem. O professor que não responde e se incomoda com estudantes que perguntam demais não passa de um burocrata, ele dá a matéria e pronto, o que de maneira alguma é o ideal", opina Maria do Pilar Lacerda.

7- O bom professor está disponível
Limitar-se à grade curricular é o pior erro que um professor pode cometer. Além de não motivar os alunos e restringir a relação exclusivamente ao âmbito profissional, sem afetividade, o próprio professor sai perdendo, já que os alunos, apesar de estarem na posição de aprendizes, muitas vezes também têm muito a oferecer.

"Criar uma parceria com o aluno, na qual os dois aprendam, estejam abertos a críticas e dispostos a crescer e melhorar é outro fator totalmente determinante no aprendizado dos estudantes. O professor não pode ter uma sensação de auto-suficiência, ao contrario, o conhecimento dele deve ser construído em parceria com o aluno e vice-e-versa, assim, está em constante formação", explica Cataria Greco.

8- O bom professor é valorizado
Assim como os alunos, os professores também precisam ser estimulados. Melhores salários, cargas horárias justas e até mesmo bonificações periódicas são alguns recursos que os gestores das escolas podem utilizar para gratificar os docentes e fazer com que eles se sintam valorizados, o que sem dúvida reflete em seu desempenho em sala de aula.

Conhecer as ações que a escola do seu filho promove para que seus profissionais se sintam motivados é outra maneira de acompanhar de perto a realidade dos professores. Docentes que trabalham em condições corretas consequentemente conseguem transmitir o conteúdo de forma produtiva aos alunos.

9- Como identificar o bom professor
Todos os itens a cima formam um conjunto de atributos que bons professores apresentam. Ser crítico quanto a isso é a melhor forma de verificar a qualidade da escola do seu filho e se os professores têm condições de contribuir para boa aprendizagem de seus alunos. "Isso só acontece de forma adequada quando há uma troca positiva entre o aluno e o professor, o que só é possível com bons profissionais, que posteriormente podem estimular os alunos e assim sucessivamente", explica a orientadora educacional Cataria Greco.

Além da formação, o determinante é a atitude diante dos alunos. "A principal característica que um professor de qualidade apresenta é a maneira de conduzir a curiosidade e as dúvidas de cada aluno", diz Maria do Pilar. Catarina completa, "um bom professor potencializa um bom aluno e vice-e-versa", Catarina Greco, orientadora educacional do Coluni.

Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/professor-qualidade-504747.shtml

* Acabe com a agressividade das crianças

Conheça 17 lições valiosas para evitar o comportamento violento dos seus filhos e saiba como pôr ordem nos momentos inevitáveis de explosão e raiva  



O comportamento da criança está diretamente relacionado às atitudes dos pais                                        

Seu filho grita, xinga, quebra objetos e, às vezes, não tem o menor controle sobre si mesmo? Se ele anda agressivo e rebelde, é necessário colocar um freio. Lídia Weber, psicóloga da Universidade Federal do Paraná e autora do livro Eduque com Carinho (ed. Juruá), sugere algumas lições infalíveis para evitar comportamentos agressivos e controlar as crianças quando elas explodem. Veja alguns exemplos a seguir.

1- Seja carinhosa e participativa
O afeto constrói a confiança entre pais e filhos. Dê colo, beijos, abrace-os. O toque é fundamental, assim como o apoio emocional. Esteja por dentro das tarefas da escola e conheça os amigos deles.

2- Defina regras e limites
Faça isso junto com seus filhos. Determine tarefas e horários, e faça com que sejam cumpridos à risca.

3- Alerte sobre as consequências
Observe e valorize os comportamentos corretos, e deixe claro o que pode acontecer quando as regras estabelecidas são quebradas.

4- Imponha respeito
Com as regras já definidas, respeite sempre o combinado, independentemente do seu estado de humor. As regras só podem ser mudadas diante de algum fato novo e importante - e ele deve ficar bem claro para a criança.

5- Mantenha seu autocontrole
Às vezes você se descontrola, e isso é normal. Mas evite ao máximo gritar, xingar e bater.

6- Demonstre afeto pelo seu marido
Um dos melhores exemplos para dar aos filhos é a própria relação que você vive com o pai deles. Se for brigar com seu marido, faça isso sempre longe dos filhos.

7- Ame seus filhos pelo que eles são
Os filhos não vêm ao mundo para preencher nossas expectativas, certo?

8- Reveja suas atitudes
Ninguém nasce agressivo. O comportamento da criança está diretamente relacionado às atitudes dos pais. Então, nada de dizer que seu filho "herdou o gênio do pai". Se você não cortar pela raiz os comportamentos agressivos dos seus filhos, há grandes chances de que eles se tornem adultos violentos.

9- Seja firme
Não admita comportamento agressivo - de jeito nenhum! Se seu filho ameaçar bater em você, segure a mão dele e diga "não". Explique por que ele não pode fazer isso novamente. Coloque a criança de castigo (um minuto para cada ano de idade dela).

10- Crie uma premiação
Combine com seu filho uma regra de "tolerância zero". A cada dia (ou dois) que alguém da família ficar sem fazer um gesto agressivo (bater, xingar, gritar, ameaçar), essa pessoa ganha um estrela em uma cartolina. Ao final de uma semana, conta-se quem tem mais estrelinhas e saem todos juntos para tomar um sorvete, por exemplo. Quem tiver mais estrelas pode tomar um com duas bolas!

11- Não apele para a violência
Muitas vezes, seu filho pode dizer que bateu no amigo porque ele o agrediu primeiro. Isso não justifica! Crianças devem ser ensinadas a se defender, mas também a saber falar com autoridades e a chamar um adulto quando estiverem em uma situação séria. Ela precisa aprender a sair de uma situação violenta sem recorrer a mais violência ainda.

12- Nada de games sangrentos
Passar muito tempo assistindo filmes de ação e se divertindo com jogos de lutas violentas ou guerra pode fazer a violência se tornar banal. Ofereça alternativas de divertimento, verifique o tema dos videogames e não compre os que sejam muito pesados. Estabeleça limites para o tempo em frente à TV e controle o que as crianças assistem. Veja alguns programas com as crianças e converse sobre o conteúdo.

13- Participe da vida dele
Sente-se com seu filho para brincar e pergunte: o que eu devo fazer agora? Deixe que ele lidere a brincadeira. É importante que as crianças explorem o mundo por si mesmas e coloquem a criatividade em dia. É bom que elas vejam suas ideias valorizadas pelos adultos.

14- Jogo do afeto
Invente uma brincadeira fácil e combine o seguinte: a cada adivinhação certa, o outro deve fazer um carinho no outro - pegar na mão, abraçar, dar um beijinho, dar dois beijinhos... Deixe que seu filho acerte muitas vezes, para perceber como é bom dar e ganhar carinho!

15- Brinque com ele
Convide amiguinhos do seu filho para brincar em casa e proponha algumas brincadeiras de cooperação, sem competição. Ninguém precisa ganhar para ser divertido! Para crianças menores, faça uma atividade artística, como pintar macarrões e colá-los em uma cartolina. Para os maiores, proponha montarem uma peça de teatro, por exemplo.

16- Crie lembranças inesperadas
Mande bilhetes na lancheira do seu filho, para que ele encontre na hora do lanche uma palavra de carinho sua ou um desenho. Já pensou que delícia para ele encontrar a mensagem "eu te amo" assim, de surpresa?

17- Elogie sempre
Quando seu filhote estiver calminho e solidário, elogie. Sempre que ele fizer algo carinhoso, toque-o e diga que tem orgulho dele.

Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/acabe-agressividade-criancas-498528.shtml

* Sugestões de Atividades 02






* Como controlar manifestações agressivas


É possível lidar com a agressividade de forma natural e não fazer disso um problema



É normal que a criança extravase sentimentos por meio de atitudes agressivas, cabe ao adulto limitá-las e mostrar outras soluções                                         

Mordidas, tapas, puxões de cabelo... Até os 3 anos de idade, é comum a criança expressar seus desejos e frustrações com atitudes que não são lá muito delicadas. Cabe ao adulto mostrar que há outras formas de se relacionar com o mundo. Oferecer às crianças um ambiente tranqüilo e acolhedor é o primeiro passo para diminuir a agressividade natural nessa fase: quanto maior o bem-estar, menor a necessidade de se expressar agressivamente.

Conheça algumas atividades que podem ser desenvovidas

- Cuidado com a boneca
Esta brincadeira é para meninos e meninas, pois tem o objetivo de desenvolver o relacionamento interpessoal, promovendo atitudes de cuidado e carinho com o outro - necessidades que são comuns a todos, independentemente do sexo. Isso vai se dar no faz-de-conta, momento que a criança aprende sobre as interações sociais. Por isso, é importante ter seu espaço garantido e valorizado na rotina. Proponha que cada um pegue uma boneca e cuide dela como se fosse sua filha. Os pequenos devem dar banho, trocar fralda e fazer carinho.

- Chuvinha de papel
Para relaxar de forma ativa (e não apenas em posição de repouso) e interagir de maneira lúdica com o educador e os colegas, sente-se com a turma no chão, em torno de uma pilha de revistas e jornais velhos. Deixe que todos manipulem e rasguem as páginas livremente. Junte os papéis picados num monte e jogue tudo para o alto. Vai ser uma festa! Depois, o papel picado pode ser aproveitado em colagens ou modelagem de bonecos.

- Papai veio brincar
É importante que os pais também participem deste processo. Uma boa idéia é colocar uma música e pedir para o pai ou a mãe se sentar no chão com o filho. Você pode conduzir as brincadeiras, como rolar uma bola para a criança ou brincar com um fantoche, apresentando possibilidades de interação. Os pais se inspiram em você ou criam brincadeiras.

- Jogos das expressões
Para que as crianças aprendam a nomear os sentimentos e conversar sobre suas possíveis causas, desenhe em uma cartolina várias carinhas com expressões faciais que demonstrem sentimentos de tristeza, alegria, raiva, medo, susto etc. Deixe algumas em branco para nomear um sentimento que apareça no decorrer da brincadeira. Convide a criança a apontar a que mais revela a maneira como ela se sente naquele momento e a explicar os motivos daquela sensação. Ela pode, por exemplo, estar com raiva do colega porque tirou um brinquedo da sua mão.

- Caminhada solidária
Desenvolver a idéia de grupo e a tolerância é importante para que as manifestações de agressividade não se tornem excessivas. Esta proposta pode ser aplicada sempre que as crianças tiverem de andar juntas, como da sala para o pátio. Quem quiser correr tem de se controlar. Quem for mais lento precisa se apressar. Se houver alguém com dificuldade de locomoção, o grupo todo terá de esperá-lo.

Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/agressividade-infantil-418613.shtml

quarta-feira, 25 de abril de 2012

* Brincando com regras

Ao impor desafios, o dominó e o jogo do varal ensinam turma de pré-escola de Curitiba a encarar vitórias e derrotas com naturalidade


Viver em sociedade significa lidar com regras o tempo todo e na escola não é diferente. Mas será que desde pequeno é preciso conviver com normas? Quando se avaliam os benefícios desse trabalho, a resposta fica clara: sim. Os jogos de regras, aqueles que se jogam em grupo segundo normas preestabelecidas e visando um objetivo, são importantes na Educação Infantil. Além de mostrar que as restrições podem representar desafios divertidos, eles desenvolvem questões importantes, como a adequação a limites, a cooperação e a competição. A professora Cinthia Dolgan Oliveira, da CEMEI Colombo, em Curitiba, trabalha com vários deles em sua sala de 5 e 6 anos. Ela ressalta a importância de uma boa preparação antes de iniciar as partidas. "A classe só se concentra quando entende a lógica do jogo", diz. É por isso que a atividade com o dominó tem duas etapas. Primeiro, ela apresenta peças gigantes. Cada criança recebe uma e, em sua vez, tem de encaixá-la numa das pontas. Quando todos entendem a dinâmica, Cinthia divide a garotada em grupos de quatro.Cada um recebe sete peças e a partida começa. O principal ponto, no início, é que as regras sejam compreendidas e que todos se adaptem a elas. Esperar a vez é uma das determinações mais difíceis de cumprir. Assim, não é aconselhável formar grupos grandes. A primeira satisfação da criança é se sentir ativa e participante. Isso determina seu interesse pela atividade.

Ganhar e perder

Os pequenos jogam uns contra os outros, mas nem sempre têm consciência da competição. "Ainda não é claro que, para um ganhar, outro deve perder", explica a psicopedagoga Lia Leme Zaia, de Campinas."É normal, portanto, que o grupo diga que ganhou no final. "A percepção de que existe um vencedor vem aos poucos, e o professor deve intervir apenas questionando sobre o objetivo do jogo e se todos chegaram a ele. Quando a criança passa a identificar a vitória e a derrota, outras questões se colocam. É natural que ela queira ganhar e, para que isso aconteça, fatores como sorte, habilidades específicas e estratégia entram em cena. Introduzir jogos que demandem diferentes capacidades (domínio do raciocínio matemático, conhecimento do alfabeto, desenvolvimento motor etc.) é importante, pois os pequenos notam que há aqueles em que vencem com mais facilidade e outros que não dominam tão bem.Ao perceber a condição de ganhador e perdedor como transitória, fica mais fácil aceitar a derrota e, no caso de vitória, não desrespeitar quem perdeu. "Muitos professores da Educação Infantil têm receio de propor jogos de regras por temer o sentimento de fracasso e frustração", ressalta a pedagoga Maria Carolina Villas Bôas, de São Paulo."Mas o ganhar e o perder ainda não carregam nessa fase o mesmo valor que têm para os adultos." Outro ponto é a importância de respeitar as regras, o que não é difícil: os próprios colegas se encarregam de cobrar o uso delas."Os combinados são aceitos pelo prazer de estar junto com os outros", explica Maria Carolina."O que não se submete tem dificuldade de encontrar parceiros." Na Educação Infantil, a garotada está mais voltada para a própria jogada, ainda não antecipa a do colega e nem prevê os próximos passos. À medida que se familiariza com as regras, a criança desenvolve uma visão mais geral e percebe que isso ajuda a dominar os truques e jogar melhor.

Hora de cooperar

Ganhar é gostoso, mas você, professor, deve encontrar maneiras para que a competição não seja sempre a tônica. A alternância entre jogos cooperativos - em que não há adversários e o único objetivo é cumprir as regras propostas - e competitivos é uma boa maneira de trabalhar a noção de que jogar é o mais divertido. A professora Cinthia costuma propor o jogo do varal - feito pela própria garotada com cartolinas coloridas -, em que cada um tem sua vez para pendurar uma figura de roupa em uma corda estendida na sala. São lançados três dados, um com o tipo, outro com a cor e um terceiro com o tamanho da peça e é necessário encontrar em um montinho uma figura que corresponda às características sorteadas. A professora estimula todos a se ajudar,o que faz com que assistam ao lance dos colegas e se sintam envolvidos. A cooperação não pode acontecer apenas quando não há competição, e Cinthia percebe que a dinâmica do jogo do varal incentiva os que têm mais facilidade a dar dicas aos amiguinhos em outros momentos, até mesmo quando jogam dominó,por exemplo. Essa atitude é positiva, mas cabe ao professor garantir que todos joguem por si e não deleguem sua participação aos outros, mesmo que demorem mais ou precisem de ajuda num ponto. Assim, o interesse se mantém e barreiras são superadas. Com o tempo, a classe ganha experiência e muitas vezes chega a propor outras regras aos jogos conhecidos. Por mais complicadas que elas sejam, é interessante experimentar o novo regulamento. "Isso significa que a garotada refletiu sobre a atividade ou que quer compartilhar outra versão", diz Maria Carolina. Esse envolvimento pode ser um ponto de partida para discutir as regras. Afinal, quem disse que no uso de normas não há espaço para a criatividade?


OUTRAS OPÇÕES PARA A PRÉ-ESCOLA


JOGO DA MEMÓRIA Com o objetivo de levar os pequenos a identificar figuras iguais, desenvolve a localização espacial e a quantificação das cartas tanto por meio da contagem como da comparação do tamanho dos montes.

GATO E RATO
O gato tem de furar o círculo que os colegas fazem com as mãos dadas para proteger o rato, que fica no centro. Trabalha tanto a cooperação visando um objetivo como a questão motora.

JOGOS DE PERCURSO
Em um tabuleiro, os participantes lançam dados que determinam quantas casas o peão deve percorrer. Como envolve sorte, iguala participantes com diferentes habilidades e desenvolve o conhecimento numérico.

BOLICHE O número e a posição das garrafas é indiferente. Nesse jogo, é preciso contar e registrar os pontos e afinar a habilidade com a bola.


Participar de jogos de regras...

Desenvolve a criação de estratégias.

Trabalha limites para viver em grupo.

Estimula acooperação e acompetição positiva.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/brincando-regras-428034.shtml

* Brincar na creche


Encaixar, montar, empilhar, chacoalhar... Com esse tipo de atividade, crianças de até 3 anos começam a explorar o mundo


Para turmas de creche, brincar e jogar não são passatempos: trata-se de atividades fundamentais para a construção de conhecimentos sobre o mundo. Com elas, os pequenos aprendem a estar com os outros e consigo mesmos. A constatação, que está no Referêncial Curricular Nacional para a Educação Infantil e mereceu tratamento detalhado na reportagem de capa de NOVA ESCOLA em novembro, foi iluminada de maneira notável pelo suíço Jean Piaget (1896-1980). Entre suas contribuições ao assunto, o cientista e psicólogo dividiu as atividades lúdicas infantis em três tipos: jogos simbólicos, de regras e de exercício.

É preciso garantir a variedade de materiais

Para potencializar a atividade, deve-se escolher brinquedos que estimulem os sentidos e o movimento - quanto mais variadas as cores, texturas, materiais e os estímulos que eles permitirem, melhor. As ressalvas de segurança são assegurar que as peças tenham tamanho maior que o da boca do bebê aberta e sejam feitos com tinta atóxica e não solúvel.

Como favorecer o deslocamento

Outro cuidado é fazer com que esses ambientes sejam integrados, permitindo o deslocamento das crianças - e, se possível, surpreendendo-as. Na Creche Carochinha, da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto, entre dois cantos diferentes, há cortinas de náilon produzidas na própria creche. "Além de tornar o ambiente mais agradável, as cortinas promovem o toque e a percepção dos sons. Acabam funcionando como um jogo a mais", conta a diretora, Regina Célia da Silva Marques Teles.


Tipos de brinquedos

Cortina de Náilon

CORTINA DE NÁILON. Foto: Kriz Knack

Para que serve Os fios favorecem a percepção de diferentes texturas, estimulando o tato. Colocada no centro da sala pendurada no teto, ela integra o ambiente.
Enquanto nos jogos simbólicos a criança viaja no faz-de-conta, assumindo o papel de herói, professor, astronauta e todos os outros que a imaginação mandar, nos jogos de regras ela toma contato com o cumprimento de normas, o que exige concentração, raciocínio e uma dose de sorte. As duas modalidades, entretanto, convivem com um estágio anterior: o dos jogos de exercício.





Garrafas coloridas


Para que servem Recipientes preenchidos com diferentes materiais (líquidos, grãos, areia etc.) ajudam as crianças a perceber diferenças de forma, peso, cor e som.
Brinquedos de encaixar, montar, lançar, rebater, chacoalhar, empilhar... As possibilidades são muitas (leia nos quadros desta reportagem exemplos de seis tipos de jogo de exercício essenciais nas creches). "Interagindo com eles, as crianças percebem a função e as propriedades dos objetos: quais deles se movem, quais fazem barulho, os f lexíveis, os rígidos, os pequenos, os grandes, os coloridos e assim por diante", explica Adriana Klisys, consultora em Educação Infantil.


Jogos de encaixar

JOGOS DE ENCAIXAR. Foto: Kriz Knack

Para que servem As peças podem ser empilhadas, montadas e encaixadas, criando novos formatos. Permitem aos pequenos testar seus limites e descobrir o que podem fazer com elas.
Os pequenos entendem as ligações entre suas ações e o resultado que elas provocam - ou seja, têm um primeiro contato com a noção de causa e conseqüência. Mas a compreensão leva tempo e depende da repetição. Quando um bebê mexe em um chocalho pela primeira vez, leva um susto e não entende de onde veio o barulho que escutou. Só depois de balançá-lo várias vezes, associa o som ao movimento que ele mesmo fez. É interessante notar que as crianças se apropriam dos jogos de exercício de formas diferentes, obecedendo a uma gama de comportamentos geralmente relacionados à faixa de idade. Enquanto bebês se entretêm com a exploração de texturas, formas, cheiros e cores, crianças de 2 e 3 anos já conseguem conceber novas funções para os objetos por meio da experimentação. É possível observar, por exemplo, turmas que montam torres para ver até onde chegam sem cair, depois as desmontam e as reconstroem.

Bolas

BOLAS. Foto: Kriz Knack

Para que servem Favorecem uma grande variedade de movimentos e interações: chutar e acertar em minicestas ou na boca do palhaço, lançar e recebê-las de amigos ou do professor.







Instrumentos musicais

INSTRUMENTOS MUSICAIS. Foto: Kriz Knack

Para que servem Chocalhos, pandeiros, xilofones e tambores com baquetas de ponta arredondada levam as crianças a descobrir a relação entre os sons e os movimentos que elas mesmas produzem.
Outro ponto essencial para desenvolver esse tipo de atividade é a organização do espaço (leia o projeto institucional). Uma preocupação que deve estar sempre presente é garantir que os objetos escolhidos instiguem, de fato, a curiosidade da turminha. "Os pequenos são os maiores juízes desse processo. Basta que o professor esteja atento, por exemplo, aos cantos de brinquedos aonde ninguém vai e substituí-los por outros mais interessantes", diz Roselene Crepaldi, que trabalhou no Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos da Universidade de São Paulo.


Rolos de espuma


Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/brincar-crescer-428247.shtml

* Artigo de Emilia Ferreiro - A desestabilização das escritas silábicas: alternâncias e desordem com pertinência


Este texto1 explora novas maneiras de entender as dificuldades das crianças de fala espanhola para abandonar a análise silábica da palavra oral e substituí-la pela análise sequencial de fonemas. Propõe-se uma analogia com a escuta musical (não profissional) de um acorde de vários instrumentos (cordas e sopros) e um mecanismo de ancoragem em uns ou outros (vogais ou consoantes), similar à alternância de centrações cognitivas. Vários exemplos do processo de produção de palavras "difíceis" por crianças de 5 anos ilustram a utilidade desse enfoque. 


A autora Psicolinguista e doutora em Psicologia, é investigadora emérita do Centro de Investigação e de Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, no México. Área de estudo Psicogênese da língua escrita.

Introdução

Em 1979, foi publicado no México, o livro Los Sistemas de Escritura en el Desarollo del Niño2. Os dados que o compõem foram recolhidos em Buenos Aires e arredores em uma época particularmente inóspita para os habitantes do país. Esses dados foram analisados no exílio por Ana Teberosky (em Barcelona) e por mim (em Genebra), em tempos em que não havia correio eletrônico, escâner nem os recursos de comunicação a distância a que estamos acostumados. 

Nesse livro se defendia, entre outras teses, uma particularmente ousada: para tratar de entender a escrita alfabética, as crianças falantes da língua espanhola passam por um período silábico. De fato, inventam uma escrita silábica em que cada letra escrita corresponde a uma sílaba oral. No período de apogeu dessas construções silábicas, aparecem letras pertinentes para cada sílaba. Em espanhol, as letras pertinentes privilegiadas são as vogais3

Na obra se sustenta o seguinte: "A criança abandona a hipótese silábica e descobre a necessidade de fazer uma análise que vá além da sílaba pelo conflito entre a hipótese silábica e a exigência da quantidade mínima de grafias (ambas as exigências puramente internas, no sentido de serem hipóteses originais da criança) e o conflito entre as formas gráficas que o meio propõe e a leitura dessas formas gráficas em termos da hipótese silábica (conflito entre uma exigência interna e uma realidade exterior ao próprio sujeito)". 

De acordo. Porém o que quer dizer "fazer uma análise que vá 'além' da sílaba"? O que ali se disse é basicamente correto (ainda que deveria ter posto palavras gráficas no lugar de formas gráficas). Correto, mas insuficiente. Nesse fragmento, somente se fala dos conflitos, mas não se diz nada acerca das maneiras peculiares e próprias de analisar a sílaba em função da escrita no momento de crise da hipótese silábica. Por acaso se passa do período silábico ao alfabético porque se abandona a análise oral em sílabas e se passa a uma análise em sequências de fonemas? O período seguinte (que chamamos silábico-alfabético) parece indicar que isso não ocorre, já que as produções desse momento da evolução são mistas por natureza: algumas sílabas se escrevem com uma única letra, como no período precedente, mas outras sílabas se escrevem com mais de uma letra, anunciando, ao que parece, o abandono da análise silábica. 

Recentemente, comecei a prestar atenção em processos de produção que podem nos pôr na pista de um novo modo de compreensão desse período de transição. Dois exemplos enfocam a questão. 

Maria (5 anos) vai escrever a palavra sopa. Vai dizendo as sílabas enquanto escreve as vogais correspondentes. O resultado é OA. Maria observa o resultado e diz "está faltando". Típica situação em que o requisito de quantidade mínima se impõe. O interessante é que Maria, buscando outras letras para pôr, não repete nenhuma das anteriores, mas volta a dizer "so-pa" enquanto coloca as consoantes correspondentes a essas sílabas. (De fato, repete várias vezes "so" antes de pôr S e várias vezes "pa" antes de grafar P, como se buscasse essas letras). O resultado é OASP. Todas as letras da palavra estão ali, mas em desordem. Maria não consegue ler sua própria escrita. Poderíamos pensar que primeiro analisou as vogais, os núcleos vocálicos das sílabas e depois os ataques4 consonantais. Contudo, essa descrição me parece incorreta. Como veremos, se trata sempre de representar a sílaba, a mesma unidade, porém com base em perspectivas diferentes, ancoragens diferentes. O que Maria produz são duas escritas silábicas justapostas. 

Um caso extraordinário é Santiago, também de 5 anos (Molinari e Ferreiro, 2007). A essa criança se solicita que escreva uma lista de compras, primeiro no papel e depois no computador. Dois desses pares de palavras são notáveis. Santiago já sabe que não se pode escrever somente com vogais. Produz SA no papel e OD na tela para soda; escreve SAM no papel e ALE na tela para salame. Por quê, se Santiago conhece todas as letras de soda e de salame, não pode colocá-las juntas? Temos chamado alternâncias grafo-fônicas esse fenômeno. Como explicá-lo? Creio que assistimos a alternâncias de centrações cognitivas sobre dois aspectos da unidade sílaba. A sílaba oral é considerada com base em suas ancoragens diferentes. As letras escolhidas correspondem a essas duas ancoragens. Uma centração no lado vocálico da sílaba ocorre depois uma centração no lado consonantal. A mesma sílaba é ouvida de outro lugar. (Ouvida e vista porque a escrita permite vê-la).

Novos dados de investigação

As crianças que estão me ajudando a entender esse frágil, mas importante momento da evolução, são de La Plata, Argentina. Têm 5 anos e foram interrogadas por Andrea Ocampo e Graciela Brena com a supervisão e o apoio de Claudia Molinari.

Elas frequentam duas escolas diferentes, porém similares quanto ao modo de introduzir a cultura escrita. Não necessito detalhar aqui suas características, somente enfatizar que a análise da oralidade resulta da confrontação com desafios que a escrita ou a leitura colocam5. E que essas crianças estão acostumadas a justificar suas produções porque escrevem habitualmente no coletivo ou em pequenos grupos e porque a confrontação de diferentes soluções para um mesmo problema de escrita é habitual. Os últimos dados obtidos são do fim do ano escolar de 2008. Ainda nos resta muito para analisar, mas alguns resultados são suficientemente claros para publicá-los porque me parecem muito importantes.

Selecionamos crianças que no início do ano escolar escreviam bem o nome próprio, mas escreviam qualquer outra palavra usando quase exclusivamente vogais (vogais pertinentes). A essas crianças propusemos a escrita de uma lista de palavras particularmente difíceis: 15 palavras em uma sessão (o que é enorme), todas dissílabas (que são particularmente difíceis pela exigência de quantidade mínima) e, além disso, dissílabas com uma sílaba que os professores qualificam de "complexas": CVV, como na primeira sílaba da palavra piano6; CVC, como na primeira sílaba da palavra torta; CVVC, como na primeira sílaba da palavra fiesta7 (festa)8.

Realizaram-se três entrevistas individuais ao longo do ano escolar. Quinze crianças foram acompanhadas em 2007 (com foco em sílabas CVV) e outros 15 em 2008 (com foco em sílabas CVC, CVVC).

A tarefa consistia em escrever uma lista de palavras, porém os elementos da lista estavam inseridos em uma mininarrativa que falava sobre a preparação de uma fiesta (festa), com um baile, a escolha de uma reina (rainha) a quem se vai dar um collar de perlas... (colar de pérolas). Fiesta, baile, reina, collar, perlas faziam parte da lista. O objetivo do procedimento era assegurar que as crianças compreendiam as palavras que iam escrever9.

Por que apresentar palavras tão difíceis a crianças de 5 anos? Pode parecer absurda a proposta. Com efeito, se interrogamos aquelas que ainda não resolvem com as duas letras necessárias a escrita de sílabas CV, o que esperamos que façam com as sílabas complexas? Precisamente, é disso que se trata em uma investigação psicogenética e psicolinguística (já que não temos a intenção de desenvolver uma investigação didática). Necessitamos verificar se as crianças, ao longo do ano escolar, ignoram as dificuldades dessas sílabas (reduzindo-as primeiro à vogal e depois, eventualmente, à CV) ou se enfrentam essas dificuldades e o que resulta disso.

Recordo a célebre boutade - dito irônico, provocativo - de um brilhante colaborador de Jean Piaget (1896-1980), Pierre Gréco (1927-1988), que disse em uma conferência: "A um psicólogo que trabalha com a teoria psicogenética se pode pedir que nos diga de que maneira um bebê anda de bicicleta". Pois bem, queremos ver de que maneira os que ainda não podem escrever CV (ainda não podem caminhar) resolvem sílabas complicadas (andam de bicicleta).

Sílabas com ditongo (CVV)


Nem todas as sílabas complicadas são igualmente difíceis. Um dissílabo é difícil, porém, se o dissílabo contém um ditongo, pode se transformar em um trissílabo, acentuando as duas vogais (pia-no se converte em pi-a-no), com o qual se pode escrever IAO, superando, ao mesmo tempo, os requisitos quantitativos e qualitativos próprios desse período. As crianças se dão conta dessa possibilidade?

Algumas delas escrevem esses dissílabos com ditongo como se se tratassem de trissílabos e põem as três vogais pertinentes. Elas, ao longo do ano, começaram a incorporar consoantes em sua escrita. Entre uma entrevista e a seguinte, registramos dois fenômenos particularmente importantes: a) desaparecimento do ditongo ao aparecerem as primeiras consoantes; ou então b) o ditongo subsiste, mas em desordem, quando aparecem as primeiras consoantes.

Vejamos um exemplo de desaparecimento do ditongo ao surgirem as primeiras consoantes. Uriel escreve radio (rádio), ao longo do ano escolar, assim: AIO>ROO>RIO (as setas indicam a existência de intervalo entre uma entrevista e outra). O ditongo se perde ao aparecer a primeira consoante. R não é o ataque da sílaba, mas outra maneira de escrever a sílaba "ra", primeiro com A e depois com R. Na última entrevista, o ditongo reaparece - a renúncia momentânea à variedade interna havia deixado Uriel insatisfeito. Parece-me difícil sustentar que Uriel pôde analisar o ditongo e que, poucos meses depois, foi incapaz de analisá-lo. Creio que o que está ocorrendo tem pouco a ver com as possibilidades de análise oral de fonemas. O problema está em outro lugar.

Em outros casos, as vogais do ditongo subsistem, mas em desordem, na segunda entrevista. Julieta escreve radio: AIO>RIDO>RADIO.

É importante o registro de tudo o que ocorre durante o processo de produção para compreender por que essas letras pertinentes, porém em desordem, satisfazem as crianças. Por exemplo, Micaela (na terceira entrevista) vai escrever baile e começa com as vogais AE. Olha o resultado enquanto diz "bai, bai... La ve corta (V)"10 e intercala a letra V: AVE. Volta a considerar o resultado enquanto diz "bai-le... Falta o L" e o agrega ao final. O resultado é AVEL e o lê sem problemas, assinalando duas letras para cada sílaba. Está satisfeita porque, efetivamente, as letras são pertinentes. A ordem dentro da sílaba não importa.

Sílabas com consoantes em posição coda (CVC)

O aparecimento das consoantes na posição coda costuma ir acompanhado de severos problemas de desordem com pertinência. A palavra torta foi proposta nas duas primeiras entrevistas. Milagros e Valentina escreveram TROA na segunda entrevista, mas chegaram ao resultado por meio de processos diferentes.

Milagros inicia escrevendo OAA e comenta "dois a... está complicado". Lê o resultado "to-o...or-ta". Em função dessa leitura, tenta colocar OOA, revisa suas escritas prévias e vê que já pôs OOA para collar (colar). Deixa OAA, insatisfeita. Na segunda entrevista, antecipa "como Tomás, o T e o O (TO) e o A (A)". O resultado é TOA. Leitura de controle: "tor... e o erre" (agrega R ao final). O resultado é TOAR (desordem com pertinência). Nova leitura de controle: "tor-tar... ah! o erre aqui". Volta a escrever: TROA (desordem com pertinência, com o R inserido em lugar inadequado, porém "dentro" da sílaba a que pertence).

Valentina, na primeira entrevista, começa a aceitar duas letras para não repetir vogais. Escreve OA. Na segunda entrevista, verbaliza enquanto escreve: "to, a letra te (T) torr, o erre (R) tor-ta, a letra a (A)" O resultado é TRA. Inicia a leitura de controle: "tor... a letra o". Intercala essa vogal. O resultado é TROA (desordem com pertinência, como Milagros).

Vejamos um exemplo do que pode ocorrer com uma palavra no plural, perlas11 (pérolas) cujas duas sílabas apresentam codas (R e S, respectivamente). Tomás é uma criança que desde a primeira entrevista utiliza consoantes e está muito atento à representação das codas. Em todas as entrevistas, escreve essa palavra com letras pertinentes, mas em desordem: PRES>REAS>PRSA // PRLSA (a barra dupla indica mudança durante a mesma sessão). A escrita da segunda entrevista (REAS) é particularmente notável porque Tomás escreve as duas codas, porém nenhuma das duas consoantes em posição de ataque. O detalhamento da produção é assim: na primeira entrevista, Tomás antecipa "per, per, perlas, a letra pe e o erre" (PR) "o e" (E) "esse" (S)". O resultado é PRES, que lê assinalando duas letras por sílaba. Na segunda entrevista, também antecipa enquanto escreve: "o erre e o e" (RE) las, o a (A) per-las, esse (S)". O resultado é REAS. Na terceira entrevista, antecipa duas letras por sílaba: "per (PR) las (SA) Aí está". Lê o resultado, PRSA, como "per-las" (2 por sílaba) e conclui "o ele (L) na frente do esse (S). Intercala essa letra. O resultado é PRLSA. Procede a uma leitura de controle: "per (PR) las (LSA)". Mostra-se satisfeito com o resultado.

Sílabas com ditongo e coda (CVVC)

Uma das palavras propostas, fiesta, tem uma sílaba inicial particularmente difícil, com ditongo e consoante S em posição coda. Uriel escreve fiesta assim: IEA>IEA>ETA // FSA. As escritas das duas primeiras sessões são idênticas. Porém, na terceira, há uma troca notável. O primeiro recorte oral é "fies-ta" e corresponde à produção ETA. Ao controlar sua produção, Uriel faz outro recorte "fi-es-ta", recusa o que havia escrito e produz FSA (lê uma letra por sílaba). Indicação importante de evolução: há mais consoantes que vogais na última produção.

Camila, na terceira entrevista, nos oferece um expressivo exemplo. Diz: "com efe" e escreve FETA. Lê "fi-es" (sobre as primeiras duas letras) e conclui: "Falta o esse (S)". Inclui o esse e fica FETSA. Começa a ler: "fi... falta o i". Insere o i e fica FEITSA. Novamente controla: "fi... Tenho que tirar o E". Dessa vez, decide reescrever a palavra e o resultado é FITA. Começa a ler: "fies... Falta o esse". Inclui S na mesma posição que antes. Fica FITSA. Camila, cansada, renuncia a uma leitura analítica e lê "fiesta" sem segmentações, deslizando o dedo sobre as letras, em um gesto contínuo. A série de transformações de Camila é a seguinte: FETA // FETSA // FEITSA // FITA // FITSA.

Todo o trabalho de Camila é sobre a primeira sílaba, a sílaba difícil. A segunda sílaba, bem resolvida de início, fica desarticulada por todo esse trabalho. Na ação de escrever, Camila intercala sem ordenar. É a leitura que impõe a busca de uma ordem porque na oralidade as sílabas não são permutáveis. Camila insere letras, o que é um sinal de grande progresso. Mas, uma coisa é dar-se conta que a sílaba /fies/ tem um I e um S, e algo muito diferente é saber onde exatamente pôr essas letras. Camila sabe que devem ir "dentro", mas não sabe ainda se "vai antes de" ou "depois de".

A escuta da sílaba como um acorde musical

Para tratar de compreender o que está ocorrendo - compreendê-lo desde o ponto de vista do sujeito em evolução -, proponho deixar momentaneamente de lado as teorias fonológicas da sílaba que não podem dar conta desses processos porque não estão pensadas em termos evolutivos. Pensemos na escuta musical de alguém que não é músico de profissão.

Posso escutar uma obra orquestral (uma sinfonia de Joseph Haydn [1732-1809] ou Wolfang Mozart [1756-1791], por exemplo) prestando atenção na linha melódica em geral, nas mudanças de intensidade, nas variações rítmicas. A obra musical é produzida por todos os instrumentos da orquestra e posso escutá-la como um objeto único, mesmo sabendo que diferentes instrumentos contribuem para ela, mas sem atentar em particular a nenhum deles.

Porém posso ter uma escuta da mesma obra focalizada nas cordas (os instrumentos indispensáveis da orquestra) ou alternadamente nas cordas e nos instrumentos de sopro. Ter uma escuta que diferencie cordas e sopro, mas integrados na sonoridade plena da orquestra, é muito difícil para alguém que não seja músico profissional.

A analogia me parece útil para tentar compreender esse momento preciso da evolução. Da centração privilegiada nas vogais (as cordas que vibram) se passa a escutar o mesmo acorde musical desde outros instrumentos (não vogais). São centrações alternadas, incompatíveis entre si: uma ou outra, porém não as duas de uma vez.

Parece-me que as crianças escutam a sílaba como se fosse um acorde musical produzido por vários instrumentos. É a escrita que obriga a considerar esses sons simultâneos como se fossem sucessivos.

As alternâncias com pertinência (caso Santiago, escritas de soda e salame) expressariam o momento das centrações excludentes sobre os instrumentos que participam do acorde musical (as cordas e os sopros, ou seja, as vogais e as consoantes). Essas centrações alternadas podem aparecer na mesma escrita (caso Maria, escrita de sopa) como agregados sucessivos. Depois se dão conta de que no acorde musical (a sílaba) há sons que estão ali dentro e por isso começam a intercalar. Põem dentro, não põem "antes de" nem "depois de" . Não se pode passar imediatamente de "está dentro" a "está antes de" ou "depois de"12. No caso da sílaba, isto é tanto ou mais difícil que em outros domínios do desenvolvimento cognitivo.

Omissões e desordem, dois elementos clássicos do diagnóstico de dificuldade de aprendizagem. Porém essas crianças são perfeitamente normais. Nesse estudo, todas produziram escritas com letras pertinentes, porém em desordem, em quantidade variável (no mínimo uma vez e no máximo oito em cada sessão de 15 palavras). Para compreender o que fizeram, é evidente que não basta analisar o produto final. É preciso compreender o processo e saber com precisão o que dizem enquanto agregam, apagam, substituem ou intercalam letras. Saber se seguem modificando a primeira produção ou se decidem reescrever. A observação deve ser detalhada, e a análise, cuidadosa.

Observações finais

Nas escritas silábicas, a fronteira silábica fica marcada, já que, quando deixamos que decidam, as crianças preferem caracteres separados e cada letra, separada das outras, corresponde a uma sílaba. Na escrita alfabética, essa fronteira desaparece. Parte da dificuldade reside no desaparecimento dessa fronteira.

A passagem do "saber fazer" no plano da ação verbal ao "pensar sobre" os elementos do produto dessa ação verbal é, nada mais nada menos, que a transformação da linguagem - instrumento de ação - em objeto de reflexão. É preciso colocá-la fora de si mesmo e dos outros falantes. Tirá-la do contexto comunicativo e concebê-la como objeto a ser considerado em si mesmo e por si mesmo. A grande dificuldade reside em que não se trata de um objeto do mundo físico ou cultural que preexiste à ação do sujeito sobre esse objeto. A língua oral existe na medida em que existem atos de fala13.

Descobrir que os objetos têm partes e que suas partes são classificáveis e ordenáveis é algo que as crianças de 4, 5 anos já fazem com outros objetos do mundo físico ou cultural. Por meio de sua ação no mundo, descobriram também que as propriedades dos objetos completos não coincidem necessariamente com as propriedades das partes. Agora devem fazê-lo com a língua oral. A escrita lhes ajuda na análise desde que não seja cópia, que seja uma construção autêntica.

Propus deixar de lado, provisoriamente, as teorias fonológicas. As teorias fonológicas da sílaba são o que são: modelos teóricos que nos ajudam a problematizar essa unidade (a sílaba) em termos de suas possíveis distinções internas. Não são modelos de desenvolvimento e, muito menos, das etapas mais instáveis desse desenvolvimento. Nós, psicolinguistas, não podemos limitar-nos a ver quais dos modelos de análise da sílaba se ajustam a nossos dados. Não podemos ignorar esses modelos. Mas tampouco podemos forçar os dados evolutivos para que se ajustem a um modelo sincrônico. Por respeito às análises linguísticas (porém reconhecendo sua im-pertinência para compreender a evolução), sugiro buscar analogias na música, analogias que têm seu correlato na teoria psicogenética sobre outros domínios.

Por outro lado, que informação trazem esses dados sobre as relações de precedência ou sucessão entre oralidade e escrita nesses momentos da evolução? Já sabemos que os modelos hegemônicos dizem que as crianças devem ser capazes de analisar a oralidade em termos de sequências de fonemas para compreender a escrita alfabética (phonological awareness - consciência fonológica). Eu propus que é a escrita alfabética que obriga a adotar uma atitude analítica com respeito à fala (Ferreiro, 2003).

Contudo, não se trata de substituir um modelo unidirecional por outro igualmente unidirecional (como sugere Olson, 1996). O ponto de partida para a análise da fala é a escrita socialmente constituída, assim como a escrita que as crianças produzem. Mas indicar o ponto de partida não equivale a predeterminar a direcionalidade das análises posteriores.

Os exemplos que tenho analisado mostram ações em ambos os sentidos porque a oralidade não é um objeto único, nem sequer ao nível da palavra: a oralidade analítica que busca na segmentação silábica as letras pertinentes não é o mesmo que a oralidade verificadora (leitura) ou a oralidade confirmatória (que também é leitura).

Por sua vez, o escrito tampouco é um objeto único, nem sequer ao nível da palavra: há escritas que se impõem ao sujeito, como se fossem imodificáveis, tanto como tentativas de escrita, provisórias, disponíveis à mudança (nem sempre felizes).

Temos visto casos em que a interação oral/escrito ocorre em ambos os sentidos (do oral para o escrito e do escrito para o oral). Mencionar uma interação em ambos os sentidos não explica nada, mas ao menos previne contra a tentação de substituir um modelo tradicional unidirecional (oral>escrito) por outro igualmente unidirecional (escrito>oral).

Parece-me que compreender em todos seus detalhes esses momentos de transição e, em particular, essa "desordem com pertinência" que expus, é crucial para entender as dificuldades e as especificidades da alfabetização. Porque mostra, além disso, as dimensões propriamente dramáticas do processo, um processo que dista muito de ser linear, ou seja, por adições sucessivas. Ao abandonar a escrita somente com vogais, ao começar a introduzir consoantes, as crianças não estão apenas agregando letras aleatoriamente. A introdução das consoantes desorganiza o sistema anterior e as elas devem empreender a penosa tarefa de encarar os desafios de encontrar uma nova organização. Essa nova organização impactará por sua vez a oralidade analítica e a escrita reflexiva.

Bibliografia

- Ferreiro, E. (2003). Relações de (in)dependência entre oralidade e escrita. Porto Alegre: Artmed.
- Molinari, C. e Ferreiro, E. (2007). Identidades y diferencias en la escritura en papel y em computadora en las primeras etapas del processo de alfabetización. Lectura y Vida. Nº 28.
- Olson, D. (1996). O mundo sobre papel. São Paulo: Ática.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/desestabilizacao-escritas-silabicas-alternancias-desordem-pertinencia-663205.shtml?page=0

terça-feira, 24 de abril de 2012

* Dicas para educar seu bebê


É de pequenino que se torce o pepino? Recorremos aos especialistas para ajudar na educação de seu bebê


Segundo Vera Ferrari, é preciso compreender as crianças abrir e abrir exceções em nome do bem-estar delas

Depois de uma semana intensa de trabalho, com pouco tempo para os filhos, é difícil não ceder aos apelos infantis. A saudade se mistura à culpa e tudo o que os pais querem é ser amados por suas crianças. Nessa hora, o perigo é recompensar os filhos realizando todos os desejos e dizendo sempre "sim". É preferível fazer um esforço para encontrar mais tempo para desfrutar da família e manter-se firme no papel de educador. Não vale mudar as regras só porque ficou longe das crianças por tempo demais. 

Mas existem motivos nobres para flexibilizar a disciplina em casa. Use suas antenas superpoderosas de mãe para detectar se, em determinado período, seu filho precisa de mais atenção por algum motivo. Se ele dorme sempre no próprio quarto, mas em uma determinada noite mostra-se assustado ou ansioso para pegar no sono sozinho, ofereça aconchego em sua cama sem medo de quebrar a regra. "Os limites não são mais importantes do que o filho. E as crianças têm nuances, singularidades e são diferentes entre si. É preciso compreendê-las a cada momento e, se for o caso, abrir exceções em nome do bem-estar delas", pondera Vera Ferrari. 

Para entender mais estratégias como essas e aprender outras, os pais podem investir em leituras específicas. O pediatra norte-americano Harvey Karp, por exemplo, procura ajudar os desesperados pais de filhos a partir de 2 anos. Autor do best seller "O Bebê Mais Feliz do Pedaço" (Planeta), entre outros, Karp é professor da Escola de Medicina da Universidade de Santa Mônica, na Califórnia, e costuma comparar as crianças a pequenos "homens das cavernas". E as razões são evidentes: apesar de muito espertas e inteligentes, elas ainda não adquiriram domínio verbal e costumam expressar as emoções com as armas que conhecem. 

Outros títulos para aperfeiçoar suas habilidades de educadora são "Como Não Ser Uma Mãe Perfeita" (Publifolha), de Libby Purves, que reúne diversão e informação para ensinar a lidar com os principais problemas de cada fase sem stress desnecessário; "Pais Que Educam: Uma Aventura Inesquecível" (Gente), de Ceres Alves de Araújo, que esclarece dúvidas sobre o desenvolvimento infantil, do nascimento até a adolescência; e "A Encantadora de Bebês Resolve Todos os Seus Problemas" (Editora Malone), de Tracy Hogg e Melinda Blau, que reúne técnicas surpreendentes e simples para facilitar o dia-a-dia dos pais de primeira viagem. Confira a seguir algumas dicas pinçadas destes livros.

- Não use a lógica do adulto
Argumentos complexos ou longas explicações estressam e confundem a criança. Use frases curtas e enfatize duas ou três palavras-chave.

- Seja enfático e coerente
A forma como você diz uma coisa pode ser mais importante do que as palavras utilizadas. Por isso, harmonize o tom de voz com expressões faciais, como sobrancelhas arqueadas e gestos amplos para demonstrar suas emoções e se fazer entender. É importante que o conteúdo da mensagem combine com a linguagem corporal.

- Aceite os sentimentos da criança
Sentir-se compreendida é o primeiro passo para a criança se acalmar. Faça seu filho perceber que você entendeu por que ele está aborrecido. Aceite suas razões e, aos poucos, passe mensagens curtas e claras para resolver a situação. Exemplos: "Você quer o caminhão? Você quer agora? Mas agora é a vez do João, espere um pouco".

- Nunca pratique a agressividade
Até mesmo aquele tapinha no bumbum ou na mão que você julga inofensivo deve ser evitado a todo custo. Quando batem, os pais servem de modelo para que a criança também se torne agressiva e passe a usar as mãos em vez de tentar elaborar argumentos e negociar cada impasse.

- Afaste as tentações
Se ele começou a engatinhar, coloque mais para o alto as peças que são muito estimadas por você e que podem chamar a atenção do bebê pelo brilho e pela cor, como aquele lindo vaso de cristal (o que não significa, porém, transformar por completo a configuração da casa). O mesmo vale para os alimentos dos animais de estimação. Até o pequeno compreender que aquela é a comida do cachorro, melhor mantê-lo longe.

- Desvie a atenção
É fácil distrair a criança. Não se acanhe em chacoalhar um brinquedo favorito no ar quando ela estiver prestes a destruir a correspondência ou rasgar a primeira página do jornal. Assim, você evita sair correndo e gritando "não".

- Respeito o sono
O cansaço é uma das causas campeãs de mau comportamento. Crianças exaustas e com privação de sono geralmente ficam impacientes e costumam ter mais ataques de birra. O ideal é que, além de dormir entre dez horas e meia e 12 horas à noite, ela ainda possa fazer um descanso durante o dia.

- Siga horários
Se há uma rotina estabelecida, com horários para brincar, almoçar e tomar banho, evite quebrar a ordem para atender a outras demandas. Se o telefone toca enquanto você está dando o almoço, seja rápida. Ou logo o bebê começará a fazer de tudo para ganhar atenção.

- Dê uma distância saudável
Se a criança não está doente nem passando por alguma situação especial, mas sempre chora ou grita quando você se afasta, talvez seja hora de ela experimentar um pouco mais de liberdade e "solidão". Tente, por exemplo, deixá-la brincando sozinha por alguns poucos minutos. Fique de olho, mas evite manter contato visual. Aprender a estar bem consigo mesmo é uma aquisição importante para o futuro.

- Estabeleça consequências
Estipule regras claras e simples e avise qual é o castigo para desobediências. Sempre que uma regra for quebrada, cumpra o que disse imediatamente. Mas não use castigos ou privações exageradas para pequenas traquinagens, como colocar os pés calçados sobre o sofá.

- Não faça chantagens
Argumentos como "vou embora", "não gosto mais de você" ou "é terrível ser sua mãe" só vão deixar seu filho inseguro. Concentre-se em reprovar o comportamento inadequado sem fazer do seu amor por ele um objeto de barganha.

- Critique os atos, não a criança
Jamais diga, por exemplo, que seu filho é mau, preguiçoso ou mentiroso. Ou ele vai se convencer disso e pode começar a agir de acordo com esse rótulo. Centre sua reprovação sobre a atitude de que não gostou. Por exemplo: "Não puxe o rabo do cachorro porque isso machuca".

- Ofereça alternativas
Se o pequeno jogador está prestes a lançar uma bola em direção à janela do vizinho, vale sair correndo e interromper o desastre. Mas sempre explique em poucas e conhecidas palavras a razão do "impedimento". O ideal é oferecer uma alternativa positiva, como jogar a bola para o outro lado.

Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/dicas-educar-seu-bebe-426417.shtml